quarta-feira, 29 de abril de 2009

A cinco séculos e meio atrás.

Querida Rainha de Copas,


Quantas vezes imaginei as “discussões de relação” que nunca tivemos. Ao menos não no fim de tudo. Nelas você sempre agia da mesma forma, altiva e silenciosa. Bem sei que você raras vezes foi qualquer uma das duas e nunca foi as duas ao mesmo tempo. Eu que sai mudando meu tom nas conversas com o passar do tempo. Fui de derrotado a conformado, passando pelo vingativo, orgulhoso, indiferente, desdenhoso, injustiçado, compreensivo, franco, revoltado... Coisas que também não fui na parte de nossa convivência, excluindo os extremos, claro. Por isso os considero os mais reais. Perdi e me conformei.

Já você saiu morrendo em mim nesse intervalo. Aos poucos. Algumas vezes achei lento ate demais. Pra piorar você vez ou outra renascia numa musica, um filme, um lugar, ate mesmo em certas brisas. No começo isso doía, doía muito, depois passou a doer menos. Virou uma dor cansada de tanto doer, tão cansada que já nem doía mais. Depois deixou de ser dor e virou lembrança doída que acabou se tornando uma lembrança confusa.

Como esquecer de verdade nunca aprendi. Tentei, mas não tive muito sucesso. Percebi que tentei esquecer quando devia na verdade tentar conseguir esquecer. Percebi então que era um trabalho inútil quando senti conforto em algo que li na internet: “o amor verdadeiro nunca se esgota, apenas insensibiliza”. Conselhos amigos me fizeram questionar se era mesmo um amor verdadeiro o que eu sentia.

Quebrando paradigmas, explicando paradoxos e resolvendo equações cheguei a uma conclusão afirmativa divida por dois e elevada ao quadrado. Isso mesmo minha resposta foi um (sim/2)². Acho que você lembra que nunca fui muito chegado num talvez. Independente de quão estranho a resposta pareça ela ainda é um sim. Ao menos da minha parte, eu vivi sim um verdadeiro amor. Demorei a compreendê-lo é verdade.

Obedecendo a lei amorifica de PR, o meu amor por você foi insensibilizando. Entrou em estado de hibernação, quase um topor. Vez ou outra ele acordava, foi ficando cada vez mais preguiçoso e foi acordando cada vez menos.

Não sei explicar o que você é para mim hoje. Que é um amor verdadeiro insensibilizado eu tenho certeza. Fora isso eu não sei. Passei por você a pouco tempo e você não me viu (ou fingiu que não viu). Foi como passar por um colega do ensino infantil. Você sabe quem é, mas fica na duvida se deve falar, sobre o que falar, como falar e acaba não falando. Na intenção de evitar situações acabei apenas passando e me esforcei para que meu dia passasse da forma mais normal possível. Isso eu consegui. Soube depois que você me viu em festas extravasando minha alegria. Percebi que você andou visitando minha pagina na internet. Não me esforcei em pensar num porque ou como você se sentiu.

Hoje vivo minha vida sem a sua. Quando quero alguns pedacinhos da nossa, primeiro para a minha e assim eu sigo em frente. Correndo quando dá, andando quando dá e voando quando dá.quando não dá eu sento tomo fôlego e faço dar. Eu que nunca fui muito de planejar estou vivendo o que não planejei, do modo que não planejei, com pessoas que não planejei e que me trazem a alegria da constante novidade. As vezes me sento sozinho, mas so as vezes.

Por hora as coisas vão caminhando bem, fico na expectativa de não receber respostas suas.


Com amor insensível,


Rei de Espadas.


Um comentário:

Gisa Leão disse...

poiseh...

"Já você saiu morrendo em mim nesse intervalo."
muito bom!

Agora o: "fico na expectativa de não receber respostas suas" ...
É forte, muito forte!



Sei lá, acho estranho, de alguma maneira ainda espero ver o ponto de realidade nisso tudo, é mais confortável à mim.
=)