quinta-feira, 1 de abril de 2010

Algumas horas para a passagem


Desprovida Rainha de Copas


Por esses dias Rainha, completa-se mais um ano que nos deixamos. Mais um ano que você me deixou na verdade. Nesse meio tempo eu esqueci muita coisa. Esqueci muita coisa que vivemos, esqueci de você e muitas vezes, quase todas as vezes, eu esqueço até de lembrar de você.

Há sempre o "quase" certo? Lembro de você nas datas em que costumávamos guardar. Os dias que chamávamos "dia da gente" acabam sempre por se ascender na minha memória quando passam. Dessa vez nada de diferente. O "dia dagente se distanciar" também alumiou na memória e hoje lembro que você me deixou e porque me deixou.

A sensação vem sendo diferente a cada vez. Hoje não há sofrimento. Apenas uma nostalgia barata que nem aflige, nem emociona. Hoje lembro mais de como passei esse dia nas ultimas vezes, do que como cheguei a esse dia ainda com você e terminei sem.

Percebi que por todas às vezes, pós você, cheguei a esse dia numa cama alheia e o terminei só. De forma acidental, sem premeditações. Acordava, olhava ao lado e tinha alguém que não era você, olhava o calendário e era aquela exata data.

De primeiro eram apenas companhias momentâneas, interesses de hora, aventuras, acasos. Até que, com o tempo, o tempo entre olhar a pessoa ao lado e olhar o calendário foi ficando maior. Até hoje, quando não mais olhei o calendário.

Descobri a data apenas ao chegar as minhas obrigações. Alguém disse "hoje é Hoje majestade" e eu percebi que realmente era. Lembrei que era e voltei a dividir meus pensamentos entre as obrigações que me exigiam e a Rainha com a qual despertei para o dia. Você se tornou assim passagem e não marcação.

Estarei novamente só no fim do dia. Andarei um pouco, tomarei um bom lanche e pensarei na minha Rainha agora distante. Na minha Rainha. A que me fez despertar nesse dia como um desabrochar. Na Rainha que me presenteia com sorrisos, me entorpece com seus carinhos e me eleva com seus beijos.

Já você, a Rainha que me trouxe dor e desprezo, virou lembrança num estante do meu dia, numa fuga. Não te esquecerei por piedade. Não! Eu não te esquecerei por gratidão. Não fosse assim, tudo seria diferente. Amanhã nem te lembro. Não lembrarei. A distancia levará meus pensamentos apenas a minha Rainha e no seu dom de imperar, ela o fará sobre eles.

Então me diga você Rainha de Copas: Como é imperar sem coroa, sem império e sem rei? Eu não consigo ter a mínima idéia da sensação.


Majestosamente,


Rei de Espadas

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