segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Dia da Saudade

Rainha de Copas,

Acordei ainda com a memória dos nossos momentos juntos. Fiquei todo desejoso que tivesse me acordado no dia de ontem novamente. Vi que me desejo não iria se realizar, então resolvi despertar de vez. Ao me levantar, senti uma dor no ombro, nada com o que se preocupar, mas até a dor me lembrou você. Fiquei a imaginar se não teria sido o peso dos seus sonhos durante o sono encostado em meus braços.
Sai de casa e olhei para o céu. O vermelho parecia mais vermelho, o amarelo mais amarelo, o azul bem mais suave e o verde um tanto fechado. A praça do antigo mercado de escravos até perecia um bosque sob a ótica dessas novas cores.
Olhava para os lados e sentia uma necessidade estrema de conter. Passava-me na cabeça que eu podia tudo. Estava imortal, onipotente e irresistível e tinha toda obrigação do mundo de não expor isso para salvar os demais que passavam.
Ah Rainha. A quanto esperei por um momento como esse. O carinho, a atenção, a cumplicidade, tudo muito bem dito por forma de olhares e sorrisos encantadores. Tudo tão intenso, e como tudo que bom, tão rápido. Mal vi o passar dos anos e quando me vangloriava de que ainda teria mais daquilo tudo nossas vidas nos chamaram de volta ao mundo dos frívolos e desencantados. Como prolongaria aqueles instantes por séculos e séculos, Rainha. Chego a acreditar que toda uma eternidade não seria suficiente para extinguir meu desejo.
Lembrar de cada momento e cada detalhe assim como desejar uma nova oportunidade é o que me resta daquele sonho de verdade.

Desejosamente



Rei de Espadas

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