quinta-feira, 2 de julho de 2009

Daqui a 4 séculos e trinta e cinco segundos

Vencida Rainha de Copas


Ah Rainha, consegui novamente. Na verdade consegui bem mais do que esperava. Pensei tantas vezes em não ir, mas respirei fundo tomei coragem e fui. Pus uma roupa confortável, que minha mãe odeia, mas me faz ficar bem comigo mesmo. Coloquei uma muda de roupa na bolsa que me acompanha no dia-a-dia. Peguei um pouco de dinheiro. Nada de extravagâncias. Chegando à estação comprei uma revista, subi no ônibus e fui...

Para enganar meu medo puxei conversa com uma senhorita que sentou ao meu lado. Veio de longe em busca das mesmas coisas que eu, mas sua viagem ia mais alem que a minha. Tentei dormir ao atravessar as serras estrangeiras, mas não consegui (aquela velha tensão de sempre). Então me pus a ler a revista que comprei. Deu certo quase não senti medo e mais importante não penei em você.

Cheguei lá e tudo estava frio, muito frio. Ao chegar à casa de meus anfitriões recebi calor suficiente para tomar ate mesmo um banho frio. Fui muito bem recebido, mas não foi desse calor que falo Rainha. Recebi algo intenso quando olhei uns olhos brilhantes que estavam lá. Apenas estavam lá sabe, daquele modo, como um ponto que transforma um retrato numa fotografia. Perdi-me naquele olhar, mas fingi está bem achado. Você sabe que finjo bem essas coisas Rainha, você sabe.

Conversei, ri, brinquei e até me mostrei um pouco, na tentativa de causar o mesmo efeito naqueles olhos. Retirei-me para me trocar com a sensação de trabalho bem feito. Saímos separados, mas na promessa de nos encontrarmos entre os demais. Depois de todos juntos arrumamos um meio de estarmos a sós e confirmamos o que desejávamos. De perdido nos olhos dela passei a ser um perdido em sua boca, em seus abraços. Depois de beijar lhe com carinho, ainda com os lábios colados, abrir os olhos e vê-la também me olhando se tornou um vicio naquela noite. Sempre adorei vícios!

Ela me fez companhia durante toda a noite e madrugada a dentro. Conhecemos-nos, descobrimos nossas semelhanças, nossas diferenças e tudo parecia ser um encaixe perfeito.

A manhã veio e eu parti. Antes de subir no ônibus novamente olhei para trás e tive a certeza de que ia voltar. Que atravessaria mil vezes as serras e meus medos para olhar naqueles olhos. Sentei-me próximo a janela e fiz questão de que sua cortina estivesse bem aberta, olhei cada segundo de minha travessia de volta e ela nunca me pareceu tão rápida.

Sai para encarar um medo e buscar efemeridades Rainha. Assim como César, Veni, vidi, vici. Venci meus medos e despojei as efemeridades por algo que promete ser bem mais sublime. Voltarei em breve e ela me espera.

Cresço a cada dia Rainha. Me supero e vou em frente. Sempre...


Vitoriosamente


Rei de Espadas

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